domingo, 12 de dezembro de 2010

#11

[Quando não estás]

Escrevo-te sempre dentro de mim, quando não estás. Na caligrafia dum mar choroso, na dormência dos meus dedos sem pé, aflitos de desprovidos do teu rosto, perpetuando nas minhas paredes o calor macio do teu corpo - meu sol, meu sal - guardado nas pálpebras, ancorado aos lábios. Escrevo-te sempre dentro de mim, para que quanto estiveres por perto te poder abraçar e dizer nos olhos o quanto te amo, o quanto te quero aqui.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Não estou mas estás comigo*


[U2, Spanish Eyes]
sound without lyrics


"I'll cross the world for green and gold
but it's those Spanish eyes
that get me home"


* in Karaoke style

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

#9

[Estar contigo]

estar contigo. baralhar os dias num tempo suspenso. desejar o que se há-de seguir. tocar-te no rosto pestanudo e dizer que te amo sem palavras, como um gesto só. olhar-te muito tempo e raptar-te no respirar, trazer-te abraçada para dentro de mim. amar-te devagar, urgentemente. amar-te em todos os sítios e lugares. oferecer-te os meus lábios, as minhas mãos, o meu calor. descansar no colo da tua voz. repartir o pão das nossas conversas, levá-lo à tua boca, cala-la com a minha. entrelaçar dedos e vontades. aninhar-me, fazer-te rir e sorrir. apertar o teu peito e percorrer-te como um deserto. dançar contigo à chuva. morder-te na alma. decorar no escuro o teu jeito de andar. abrir a janela da casa junto ao mar e inundar-me do teu cheiro, dos teus cabelos, do teu desejo. deitar-me contigo numa duna a olhar as estrelas. estar contigo, aqui, em todo o lado. tu, aqui, sempre comigo.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

#8

[Adormecer-te]

Cubro-te o adormecer com o calor das minhas mãos, beijo-te a testa e aconchego-te dentro de mim.

domingo, 29 de agosto de 2010

#7

[Nua]

Dispo-te, na lentidão apressada do espantar dos pássaros com os olhos presos, às asas da tua nudez. Paro no cume dos teus lábios e desço pelo teu corpo, pela tua pele. Poiso na tua mão a minha, ancorada, poiso na tua mão o meu amor.

sábado, 28 de agosto de 2010

#6

[Para o meu amor]

Perdi-me algures pelos teus olhos. Entrei, talvez, num beijo demorado e agora nado por ti, livre, com as mãos abertas pela tua alma e o embalo do mar. Toco-te por inteiro e preservo-te no meu peito como um búzio de calor. Levo-te comigo de mãos dadas no respirar, a passear no sangue e nas palavras que ainda não nasceram, porque ainda dormem abraçadas a ti. Passas-te a morar dentro de mim e só me encontro verdadeiramente dentro de ti, algures, para lá dos teus olhos, para lá dos meus.

Não duvido que me ames, mas às vezes [só às vezes], preciso que mostres que me amas assim

domingo, 22 de agosto de 2010

#6

[Retrovisor]

Olhei pelo retrovisor e sorri.
Sabes? Achei bonito o piscar de olhos
do teu amor estampado no meu rosto

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

#5

[Sempre, nas minhas mãos]

Ficas sempre nas minhas mãos. Aprisionada, no interior dos gestos. Solto-te muito devagar, lentamente, duma forma invisível ao olhar e ali fico imóvel, atónito, a sentir-te dançar no respirar, a absorver a luz do teu sorriso, a saborear um beijo teu adormecido nos meus lábios. Liberto-te, aos poucos, apenas para te sentir mais tempo a espreguiçares-te no meu corpo, aninhada, alastrando o teu calor, a espalhares-te na minha pele. Ficas sempre nas minhas mãos e beijo-te nelas antes de dormir, quando não estás.