quinta-feira, 12 de agosto de 2010

#4

[Aqui, comigo]

Não te escrevo há tanto tempo, e no entanto passei a escrever-te sempre. Permanentemente, aqui, comigo. Guardada no meu corpo, arrancada do espreguiçar mais luminoso dos dias. Tatuada por dentro, aqui, preciosa. Debotada por toda a parte, no avesso da pele.

Aqui comigo, transpirada na húmida caligrafia dos beijos que perduram para além do tempo, por entre o lento dedilhar das carícias que são pombas de porcelana. Guardada, no respirar mais fundo com que te deito em mim, coberta na música inaudível que penteia a tua voz e o mar dos teus olhos num sussurro constante.

Não te escrevo há tanto tempo mas escrevo-te em mim todos os dias, aqui, comigo.

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